Risco sanitário: o que é e como classificar

19 de julho de 2024
Duas mulheres trabalhando na classificação de risco sanitário
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A conformidade às normas sanitárias é uma preocupação fundamental para empresas de saúde em todo o mundo. No âmbito desse contexto regulatório, a classificação de risco sanitário desempenha um papel crucial. 

Ao determinar o potencial de periculosidade das atividades econômicas e produtos relacionados à saúde, essa classificação não apenas orienta a regulamentação e fiscalização, mas também influencia diretamente a segurança dos produtos e a proteção dos usuários.

Neste artigo, exploraremos em detalhes o conceito de risco sanitário, discutindo sua importância na conformidade das empresas de saúde às normas vigentes. 

Analisaremos também como a classificação de risco sanitário é estabelecida, as responsabilidades do fabricante nesse processo e as estratégias de gerenciamento de riscos recomendadas para garantir a segurança dos produtos de saúde

Por meio dessa análise, esperamos fornecer insights valiosos sobre um tema crucial para a saúde pública e a qualidade dos serviços de saúde.

Afinal, de que maneira se dá o conceito de risco?

O conceito de risco sanitário abrange a possibilidade de uma atividade, serviço ou substância causar danos à saúde humana, animal ou ao meio ambiente. Esses riscos podem ser provocados por diversos fatores, como micro-organismos, substâncias perigosas e falta de higiene. 

A atuação da vigilância sanitária é essencial para prevenir e mitigar esses riscos, garantindo a saúde da população. Com a Redesim, atos públicos são concedidos considerando as categorias e classificações do grau de risco, visando proteger o bem-estar da comunidade.

Por que a classificação de risco sanitário é importante?

A classificação de risco sanitário desempenha um papel fundamental na garantia da conformidade das empresas de saúde com as normas regulatórias. 

É um aspecto crucial considerado pelos órgãos reguladores, como a ANVISA, e influencia diretamente a regulamentação, fiscalização e tomada de decisões médicas, bem como a proteção dos pacientes.

Primeiramente, a classificação de risco sanitário reflete o potencial de periculosidade tanto do ambiente quanto dos serviços prestados pela empresa, o que significa que ela determina os requisitos específicos que devem ser atendidos para garantir a segurança e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos.

Ao classificar as atividades econômicas em diferentes níveis de risco, como baixo, médio e alto, a ANVISA e outros órgãos reguladores estabelecem diretrizes distintas para cada categoria. 

Essa classificação permite uma abordagem mais direcionada na aplicação das normas e regulamentos, priorizando ações de fiscalização e monitoramento nos setores de maior risco.

Ademais, a classificação de risco sanitário influencia diretamente na tomada de decisões médicas, especialmente no que diz respeito ao uso de produtos e serviços de saúde. 

Profissionais de saúde podem levar em consideração o nível de risco associado a determinados procedimentos ou dispositivos médicos ao recomendar tratamentos aos pacientes, garantindo sua segurança e bem-estar.

Para as empresas de saúde, a classificação de risco sanitário orienta o processo de licenciamento e regulamentação

Dependendo do nível de risco atribuído às suas atividades, elas podem estar sujeitas a diferentes requisitos de documentação, inspeção e monitoramento, o que contribui para a manutenção de padrões elevados de qualidade e segurança em todas as etapas da prestação de serviços de saúde.

O que a legislação diz sobre a classificação de risco sanitário?

A legislação brasileira estabelece diretrizes claras sobre a classificação de risco sanitário, visando garantir a segurança e a conformidade das atividades econômicas com as normas vigentes. 

Essa classificação é fundamental para orientar o licenciamento e a fiscalização das empresas de saúde, assegurando padrões elevados de qualidade e segurança para a população.

A Lei nº 8.080/90, que regulamenta as ações e serviços de saúde em todo o território nacional, estabelece a importância da vigilância sanitária na proteção da saúde pública. Para regulamentar essas ações, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), conforme a Lei nº 9.782/1999, vinculada ao Ministério da Saúde.

A ANVISA, por meio da Resolução 153, define o grau de risco sanitário das atividades econômicas de interesse da Vigilância Sanitária, simplificando e integrando os procedimentos de licenciamento sanitário no âmbito da Redesim. 

Essa classificação da RDC mencionada é essencial para determinar os requisitos específicos que as empresas devem atender para obter a licença sanitária.

Para efeito de licenciamento sanitário, as atividades econômicas são classificadas em alto risco, que exigem inspeção sanitária prévia, e baixo risco, que podem iniciar suas operações sem essa inspeção. 

A definição do grau de risco considera critérios como a natureza das atividades, os produtos e insumos utilizados, e a frequência de exposição aos produtos ou serviços.

A licença sanitária é emitida preferencialmente de forma eletrônica e é obrigatória para empresas que realizam atividades de alto e baixo risco. Ela pode ser suspensa como medida cautelar caso a empresa deixe de cumprir as condições impostas para o exercício das atividades ou apresente documentação irregular.

Por fim, a Instrução Normativa 16 Anvisa/2017 relaciona, por grau de risco, os códigos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para fins de licenciamento sanitário, facilitando o processo de classificação e regulamentação das empresas.

Por dentro de uma classificação de risco sanitário

Os materiais para uso em saúde são essenciais para diversas práticas médicas, desde procedimentos simples até intervenções cirúrgicas complexas. Esses produtos, classificados como não ativos, desempenham funções vitais no contexto da saúde, sem depender de fontes externas de energia.

A classificação de risco sanitário desses materiais é fundamental para garantir a segurança dos pacientes e a conformidade com as normas regulatórias. Essa classificação ocorre em quatro classes distintas, determinadas pelo nível de ameaça associado ao seu uso:

 

  • Classe I: Baixo risco: Inclui produtos como gazes, curativos simples, luvas de procedimento não estéreis, entre outros. Esses itens apresentam um baixo potencial de causar danos à saúde quando utilizados corretamente.
  • Classe II: Médio risco: Engloba produtos como seringas, agulhas, sondas, e materiais cirúrgicos não invasivos. Embora esses produtos sejam essenciais para procedimentos médicos, seu uso requer um maior cuidado devido ao potencial moderado de causar danos.
  • Classe III: Alto risco: Compreende produtos como cateteres, implantes ortopédicos, e dispositivos de suporte à vida. Esses materiais apresentam um alto potencial de risco à saúde se não forem utilizados corretamente ou apresentarem falhas.
  • Classe IV: Máximo risco: Inclui produtos como próteses cardíacas, marca-passos, e implantes neurais. São materiais com um potencial extremamente alto de causar danos à saúde se houver falhas na sua fabricação, design ou uso.

 

Além da classificação por nível de risco, os materiais para uso em saúde são agrupados por regras, totalizando 18 no total. Cada regra corresponde a uma designação específica e ao fim de utilidade do material em questão. Por exemplo:

 

  • Produtos não invasivos: Regras 1, 2, 3 e 4;
  • Produtos invasivos: Regras 5, 6, 7 e 8;
  • Produtos ativos: Regras 9, 10, 11 e 12;
  • Regras especiais: Regras 13 a 18.

 

Na classificação de risco sanitário, diversos fatores devem ser considerados para garantir a precisão e a adequação do enquadramento do material.

Quais são as responsabilidades do fabricante quanto à classificação de risco sanitário?

O fabricante desempenha um papel crucial na determinação do risco associado a um produto para uso em saúde. É responsabilidade do fabricante, seja ele uma pessoa jurídica pública ou privada, definir o propósito pretendido do dispositivo, ou seja, a finalidade de uso para a qual o produto é destinado

Essa definição é essencial para estabelecer a classificação de risco apropriada.

Também, o fabricante é encarregado de elaborar todas as informações necessárias para a classificação do produto, incluindo dados sobre sua composição, características, modo de uso e possíveis efeitos adversos. 

Essas informações são fundamentais para garantir que o produto seja classificado de acordo com seu potencial de risco à saúde humana ou animal, bem como ao meio ambiente.

Para que um produto seja designado a uma categoria específica de risco sanitário, é responsabilidade do fabricante fornecer instruções claras e precisas sobre o uso pretendido do produto. 

Essas instruções devem indicar claramente os cenários de uso apropriados e as restrições associadas, garantindo que o produto seja utilizado de forma segura e eficaz.

Estratégias de gerenciamento de riscos

O gerenciamento de riscos relacionados a produtos de saúde é uma etapa essencial para garantir a segurança e eficácia desses produtos. Existem várias estratégias e práticas recomendadas para mitigar e controlar os riscos associados a esses produtos.

Uma primeira estratégia seria realizar uma avaliação abrangente dos riscos potenciais associados ao produto de saúde, identificando possíveis fontes de perigo e vulnerabilidades em todas as fases do ciclo de vida do produto.

Desenvolver e implementar medidas preventivas para reduzir a probabilidade de ocorrência de eventos adversos. Isso pode incluir melhorias no design do produto, revisão de processos de fabricação, treinamento de pessoal e implementação de controles de qualidade.

Realizar auditorias regulares para avaliar a conformidade com os padrões de qualidade e regulamentações aplicáveis, o que inclui auditorias internas e externas de processos de fabricação, controle de qualidade e sistemas de gestão da qualidade.

Conclusão

A classificação de risco sanitário é um pilar fundamental na garantia da segurança e qualidade dos produtos de saúde. Neste artigo, exploramos a importância dessa classificação para a conformidade das empresas de saúde às normas regulatórias, destacando seu papel na proteção dos pacientes e usuários.

Ao determinar o potencial de periculosidade das atividades econômicas e produtos relacionados à saúde, a classificação de risco sanitário orienta não apenas a regulamentação e fiscalização, mas também influencia diretamente a tomada de decisões médicas e a proteção da saúde pública.

Também, discutimos as responsabilidades do fabricante no processo de classificação de risco sanitário, enfatizando a importância de fornecer informações precisas e claras sobre o uso pretendido do produto.

Por fim, abordamos estratégias de gerenciamento de riscos recomendadas para garantir a segurança e eficácia dos produtos de saúde, incluindo avaliações abrangentes de riscos, medidas preventivas e auditorias regulares.

Em resumo, a conformidade com as normas regulatórias e a adoção de práticas de gerenciamento de riscos são essenciais para proteger a saúde e o bem-estar dos pacientes e usuários de produtos de saúde.

Para saber mais sobre a classificação de produtos hospitalares e sua relação com o risco sanitário, convidamos você a ler o artigo “Classificação de produtos hospitalares” em nosso site.

VS W.78 CTAs Rodape Artigo

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